EDITORIAL. No século 15, em plena
época dos descobrimentos, Bartolomeu
Dias comandava uma expedição marítima
para definir um caminho alternativo
para as rotas mercantis da Índia. A difícil
missão, ter-lhe-á sido atribuída pelo Rei
D. João II, “O Príncipe Perfeito”. Durante
a expedição, ao chegar perto do cabo de
Algoa, a tripulação depara-se com uma
tempestade, que lhes confiscou o controlo
das naus durante 13 dias. Ao fim desses
dias, contrariando o comandante da
expedição, a tripulação decide regressar
a Lisboa.
Este pequeno gesto histórico,
demonstra como poucas dezenas de
pessoas iliteradas - ao não vislumbrarem
um desfecho muito diferente da catástrofe
-, contrariaram a sua autoridade suprema.
Porque razão haveremos nós de,
quando na hora de tomarmos a palavra,
optarmos por permanecer na sombra da
autoridade e da desresponsabilização?
Porque haveremos nós de não querer
mudar, quando enfrentamos a negligência
e as tendências suicidárias, de quem
temos o direito de escolher? Aqueles escravos
marítimos não escolheram o seu
comandante, mas decidiram que não queriam
morrer.
O ISEL, foi durante demasiado
tempo mal gerido e silenciado, de tal forma que o motim e a desordem (ainda
que pacíficas) iriam surgir. A gestão amiga
das famílias e amigos (dos gestores)
do ISEL caiu e hoje decorre uma auditoria
para aferir a dimensão do estrago;
também infligido por muito dos que hoje
congratulam-se pela retoma da procura
do ISEL. É dos alunos que o ensino vive
e é para os alunos que os institutos superiores
trabalham:favorecendo condições
para aqueles que têm provas dadas.
Certamente
que pouca gente foi indiferente
ao caos gerado na época das matrículas,
despoletado por um despacho extremamente
discreto, em pleno mês de Agosto,
que proferia a condição de pagar a primeira
prestação das propinas para a possibilidade
de inscrição. Que o ISEL precise
de tapar buracos financeiros, tudo bem;
que são notórias as contenções de custos,
nomeadamente com consórcios de
advogados, também. Mas não vale tudo:
há que haver mais antecedência.
Por fim, quanto à AEISEL, Ricardo Brites
provou que tem a credibilidade que o
comum dos mortais costuma dar a um
caroço de pêssego. Como nos mostrou o
belo exemplo que acima citei, às vezes
o motim é a forma mais delicada de Democracia.
fonte da imagem de capa: thepeoplescube.com
fonte da imagem de capa: thepeoplescube.com
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