quarta-feira, 30 de setembro de 2015

ED11 - Editorial

EDITORIAL. No século 15, em plena época dos descobrimentos, Bartolomeu Dias comandava uma expedição marítima para definir um caminho alternativo para as rotas mercantis da Índia. A difícil missão, ter-lhe-á sido atribuída pelo Rei D. João II, “O Príncipe Perfeito”. Durante a expedição, ao chegar perto do cabo de Algoa, a tripulação depara-se com uma tempestade, que lhes confiscou o controlo das naus durante 13 dias. Ao fim desses dias, contrariando o comandante da expedição, a tripulação decide regressar a Lisboa.

 Este pequeno gesto histórico, demonstra como poucas dezenas de pessoas iliteradas - ao não vislumbrarem um desfecho muito diferente da catástrofe -, contrariaram a sua autoridade suprema. Porque razão haveremos nós de, quando na hora de tomarmos a palavra, optarmos por permanecer na sombra da autoridade e da desresponsabilização? Porque haveremos nós de não querer mudar, quando enfrentamos a negligência e as tendências suicidárias, de quem temos o direito de escolher? Aqueles escravos marítimos não escolheram o seu comandante, mas decidiram que não queriam morrer.

O ISEL, foi durante demasiado tempo mal gerido e silenciado, de tal forma que o motim e a desordem (ainda que pacíficas) iriam surgir. A gestão amiga das famílias e amigos (dos gestores) do ISEL caiu e hoje decorre uma auditoria para aferir a dimensão do estrago; também infligido por muito dos que hoje congratulam-se pela retoma da procura do ISEL. É dos alunos que o ensino vive e é para os alunos que os institutos superiores trabalham:favorecendo condições para aqueles que têm provas dadas.

 Certamente que pouca gente foi indiferente ao caos gerado na época das matrículas, despoletado por um despacho extremamente discreto, em pleno mês de Agosto, que proferia a condição de pagar a primeira prestação das propinas para a possibilidade de inscrição. Que o ISEL precise de tapar buracos financeiros, tudo bem; que são notórias as contenções de custos, nomeadamente com consórcios de advogados, também. Mas não vale tudo: há que haver mais antecedência.

 Por fim, quanto à AEISEL, Ricardo Brites provou que tem a credibilidade que o comum dos mortais costuma dar a um caroço de pêssego. Como nos mostrou o belo exemplo que acima citei, às vezes o motim é a forma mais delicada de Democracia. 

fonte da imagem de capa: thepeoplescube.com

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