quarta-feira, 29 de abril de 2015

Editorial ED7 - O Cúmulo da barbárie

Na primeira Republica da Holanda, o regente Jan de Witt foi morto às mãos da população. O futuro era certo: o retorno da monarquia. Nessa noite, Espinosa afixou um letreiro à porta da estalagem que o albergava onde escreveu “O cúmulo da barbárie”. A multidão, a quem os poderosos iludem para combaterem pela servidão como se fosse pela salvação, acredita que dar o sangue e a alma pela supremacia e vaidade de um só homem é a maior honra, ao invés de ser a maior vergonha. Para a segurança dos donos do poder, uma multidão que não teme, é terrível.

Por aqui, a população – a direcção, os docentes, alunos e funcionários que têm conhecimento da causa – escolheu matar a verdade, a nobreza de espírito e a justiça. Escolheu zelar pela supremacia de um homem cujos tentáculos prendem esta instituição – e irão prender por muitos mais anos - , por temerem a mudança e as manchas no próprio nome. Por temerem ameaças e represálias. Por temerem que a justiça – a vergonha -, os levasse por arrasto.
Com esta atitude cobarde, desprovida de valores morais, resta-me dizer que, infelizmente, não se trata de uma direcção de docentes que procuram o melhor para a instituição, mas sim uma direcção meramente administrativa, muito aquém do que deveria ser o seu papel. 

Consta que já há muito tempo que se falava. Todos discordavam e diziam que “alguém” devia fazer algo. Ninguém fez nada. Os que tinham vontade, estavam sozinhos, eram alvos a abater.

Agora, nós agimos. Por mero dever moral, compilamos a informação fortemente sustentada em provas, sem medos e sem dúvidas. Dispusemo-nos a prestar esclarecimentos e a confirmar o que havíamos escrito, e assim o fizemos. No entanto, esta população, agora diferente da nossa, escolheu ficar distante, escolheu não tomar uma posição. Perante os factos, escolheu não fazer nada. E assim, como um relâmpago, o primeiro vislumbre de democracia dá a palavra, de novo, à antiga monarquia.   

Agora, é a nossa vez de escrever “O cúmulo da barbárie”. IB

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