Na primeira Republica da Holanda, o regente Jan de Witt foi
morto às mãos da população. O futuro era certo: o retorno da monarquia. Nessa
noite, Espinosa afixou um letreiro à porta da estalagem que o albergava onde
escreveu “O cúmulo da barbárie”. A multidão, a quem os poderosos iludem para
combaterem pela servidão como se fosse pela salvação, acredita que dar o sangue
e a alma pela supremacia e vaidade de um só homem é a maior honra, ao invés de
ser a maior vergonha. Para a segurança dos donos do poder, uma multidão que não
teme, é terrível.
Por aqui, a população – a direcção, os docentes, alunos e
funcionários que têm conhecimento da causa – escolheu matar a verdade, a
nobreza de espírito e a justiça. Escolheu zelar pela supremacia de um homem
cujos tentáculos prendem esta instituição – e irão prender por muitos mais anos
- , por temerem a mudança e as manchas no próprio nome. Por temerem ameaças e
represálias. Por temerem que a justiça – a vergonha -, os levasse por arrasto.
Com esta atitude cobarde, desprovida de valores morais, resta-me
dizer que, infelizmente, não se trata de uma direcção de docentes que procuram
o melhor para a instituição, mas sim uma direcção meramente administrativa,
muito aquém do que deveria ser o seu papel.
Consta que já há muito tempo que se falava. Todos
discordavam e diziam que “alguém” devia fazer algo. Ninguém fez nada. Os que
tinham vontade, estavam sozinhos, eram alvos a abater.
Agora, nós agimos. Por mero dever moral, compilamos a
informação fortemente sustentada em provas, sem medos e sem dúvidas.
Dispusemo-nos a prestar esclarecimentos e a confirmar o que havíamos escrito, e
assim o fizemos. No entanto, esta população, agora diferente da nossa, escolheu
ficar distante, escolheu não tomar uma posição. Perante os factos, escolheu não
fazer nada. E assim, como um relâmpago, o primeiro vislumbre de democracia dá a
palavra, de novo, à antiga monarquia.
Agora, é a nossa vez de escrever “O cúmulo da barbárie”. IB
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